quarta-feira, 17 de abril de 2019

A contabilidade do PNB através da teoria subjetivista do valor

por Lauro Campos

A Contabilidade Social adotada na União Soviética se mantém fiel à teoria do valor trabalho e, por isso, inclui no Produto Nacional Bruto apenas os bens obtidos por sua economia em dado período de tempo.

A Contabilidade Social dos países capitalistas está vinculada implicitamente à teoria marginalista do valor. Somente a partir de uma aceitação da teoria marginalista, subjetiva, seria possível homogeneizar bens e serviços, somando-os como se fossem homogêneos em sua natureza. Quando se considera que bem econômico é tudo que possui ofelimidade ou que tem utilidade para o consumidor, trabalho produtivo e serviço improdutivo passam a ser homogêneos e o resultado de ambos um bem econômico, desde que a avaliação final do consumidor o erija àquela categoria.

Essa homogeneização realizada pela Contabilidade Social não seria admissível em nenhuma análise feita nos moldes clássicos ou nos pressupostos da teoria do valor trabalho: só a concepção marginalista veio permitir sua montagem.

Considerando o Produto Nacional Bruto como total de bens e serviços obtidos por uma economia nacional em determinado período, a visão do fenômeno básico apontado por Marx passou a ser muito difícil. Se se computassem apenas os bens (excluindo-se os serviços), viria à tona que o fluxo físico de oferta de bens não encontraria o correspondente poder de compra por parte dos agentes diretamente ligados ao processo de produção. Verificar-se ia que o setor terciário representa um subproduto dos setores primário e secundário que funciona como um mecanismo de correção da demanda global em relação ao fluxo físico de oferta dos setores industriais de produção. Os investimentos públicos em setores não reprodutivos (fora de I e de II) permitem o aumento da capacidade de consumo da coletividade e a realização do correspondente out put de bens de consumo, dentro de certos limites.

Logo, mesmo a Contabilidade Social moderna afastou, apenas aparentemente, a teoria do valor que permanece encoberta, determinando seu aparatus conceitual e conduzindo seus resultados.

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CAMPOS, L. A crise da ideologia keynesiana. Rio de Janeiro: Campus, 1980, pp. 100-101.
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