quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Um acordo entre as elites na Venezuela

 
O acordo entre elites foi consolidado no México

Os representantes políticos das duas frações mais importantes da burguesia nacional chegaram a um acordo no México. Este acordo visa estabelecer as bases para a conclusão das negociações políticas que se arrastam há algum tempo, e que resultaram em ações concretas que beneficiam os inimigos do povo venezuelano.

Por um lado, se colocam o governo de Nicolás Maduro e a direção traidora do Partido Socialista Unido (PSUV), que representam os interesses dos poderosos novos-ricos, que surgiram através de contratos estatais. De outro, a direita dirigida por Juan Guaidó, Henrique Capriles e os partidos social-democratas, representantes da tradicional burguesia nacional e dos interesses dos monopólios transnacionais americanos e europeus.

É preciso lembrar que a fração da oposição atua em aberta subordinação aos interesses do imperialismo norte-americano e europeu. Como tal, a sua capacidade para forçar as negociações provém do impacto nocivo das sanções coercitivas, unilaterais e ilegais impostas pelas potências imperialistas contra o nosso país.

Dada esta composição de classe das duas forças políticas que se encontraram no México, é claro que o conteúdo das chamadas “negociações de paz” girará em torno de seus interesses. Por isso, quando os porta-vozes falam em negociações pela estabilidade ou pela salvação nacional, referem-se à criação de condições para garantir a sua própria estabilidade e a sua salvação, em detrimento dos interesses do país e dos trabalhadores da cidade e do campo. O memorando de negociação assinado no México se baseia em acordos econômicos anteriores e visa dar garantias ao capital privado. Tanto o governo quanto a oposição de direita concordam com a atual agenda econômica neoliberal imposta pela liberalização de preços, dolarização de fato, privatização de bens públicos, retorno de empresas públicas e terras agrícolas ao capital privado e fundiário, flexibilidade fiscal, abertura ao capital privado no setor petrolífero, a destruição dos salários e a desregulamentação das relações de trabalho. Essas políticas somam-se a importantes promessas de suculentos lucros ao capital privado nacional e estrangeiro nas Zonas Econômicas Especiais e às expectativas de uma reforma da Lei de Hidrocarbonetos, com a qual se pretende privatizar a indústria do petróleo e reduzir a capacidade do Estado em capturar a renda do petróleo.

É por isso que a classe trabalhadora, os camponeses e os setores populares não podem ser enganados pelo diálogo da burguesia no México. Nossos interesses e necessidades não são os temas destacados na agenda dos representantes políticos da gananciosa burguesia nacional e transnacional. Muito pelo contrário: é sobre o sacrifício das nossas conquistas e direitos, colocando sobre os nossos ombros o peso da crise e das sanções imperialistas ilegais, que estas duas forças políticas da burguesia apertam as mãos e aspiram fumar o “cachimbo da paz”. Outro exemplo dessa realidade é que, enquanto o diálogo ofereceu resultados rápidos na libertação de figuras de direita implicadas em agressões estrangeiras ao país, muitos trabalhadores continuam presos em decorrência de uma crescente política de perseguição e criminalização dos trabalhadores, das lutas sindicais, sociais, camponesas ou femininas.

Mas a evidência vai além: enquanto o diálogo gera respostas rápidas às demandas dos empregadores para pagar menos impostos e diminuir os preços, as demandas dos trabalhadores por um salário igual à cesta básica e contra demissões ilegais são rejeitadas.

O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV) rejeita e condena este diálogo farsante, que se impõe de costas às demandas e reais necessidades dos trabalhadores da cidade e do campo.

Denunciamos ao povo venezuelano que o objetivo das negociações mexicanas é consolidar o pacto burguês pela distribuição das riquezas do país entre capitalistas nacionais e estrangeiros, ao mesmo tempo em que impõem um pacote de ajuste econômico antipopular. Tudo isso ao mesmo tempo em que garantem grotesca impunidade aos que acumularam grandes fortunas e são protegidos pela corrupção, bem como aos que promoveram sanções estrangeiras ilegais contra o país e se apropriaram dos recursos da nação.

Hoje, mais do que nunca, os trabalhadores devem se unir para lutar contra a ofensiva que o pacto burguês do México imporá aos nossos direitos e à soberania do país.

Ontem foi o Pacto Punto Fijo; hoje será o Pacto do México. Com atores novos e antigos, mas sempre contra os interesses dos trabalhadores e da Pátria.

A classe operária, os camponeses e as forças populares devem construir a Alternativa Revolucionária Popular em face do novo pacto entre as elites.

Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV)

Caracas, 17 de agosto de 2021.

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[0] Traduzido por Marcelo Bamonte, PCB.
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